Medição de impedâncias em neurofisiologia clínica (NFC)

Na neurofisiologia é obrigatório estar atento para a relação sinal/ruído; sinal é o que se quer obter e ruído representa tudo o que se quer evitar. Para reduzir os ruídos utilizamos filtros, promediação de sinais e rejeição de artefatos.

Além disso, a impedância mostra se o contato dos eletrodos com a pele está adequado, o que facilitará o fluxo da corrente da pele para o eletrodo e para o aparelho. Impedâncias elevadas dificultam ou até impedem a passagem dos sinais que estamos buscando.

O valor da impedância dos eletrodos deve estar sempre dentro de limites recomendados, portanto medir essa impedância é obrigatória se desejarmos um registro de qualidade. Na neurofisiologia clinica, quando os sinais são muito grandes, a importância da impedância costuma ser minimizada. Porém, nos registros em microvolts, principalmente no EEG e mais ainda nos Potenciais Evocados (PE), a medição das impedâncias é fundamental.

Os valores sugeridos como adequados para o EEG são: abaixo de 10 quilo-Ohms (10 kW), se possível, abaixo de 5 kW. Para os PE, idealmente devem estar abaixo de 5 kW.

É muito importante observar os valores limites que vêm configurados no seu equipamento e, se estiverem inadequados, refazer a configuração.

No equipamento que usamos para EEG (Neurotec Monitor EQSA260) a medição das impedâncias mostra na representação gráfica da cabeça, os valores obtidos através de cores; por exemplo, usa a cor azul para os valores inferiores a 10 kW, a cor amarela para valores abaixo de 15 kW e a cor vermelha acima de 15 kΩ. Também é muito importante notar que, ao lado de cada eletrodo aparece o valor numérico que a caracteriza. No equipamento de PE (Neurotec) também usamos o medidor de impedâncias, expresso através de cores e de números no programa.

Lembrar que as medidas de impedância só são válidas para aquele momento, podendo depois o eletrodo apresentar artefatos, necessitando conserto ou mesmo devendo ser trocado.

Ao medir, o que fazer se as impedâncias não estiverem adequadas? Consertar ou trocar eletrodos? Quando apenas um ou poucos eletrodos estiverem com impedância alta, por exemplo, acima de 10 kW, deve-se consertá-los. Depois medir novamente as impedâncias e verificar se melhoraram; caso contrário, tentar recolocá-los ou trocá-los.

Se todos os eletrodos mostrarem impedâncias altas desde o início é recomendado verificar as referências, porque todos são medidos contra elas; tentar consertá-las ou mesmo trocá-las.

Deve-se evitar o desbalanço de impedâncias, que ocorre quando existe uma diferença de valores entre um par de eletrodos, por exemplo, um eletrodo mostrando 6 KW e o outro com 2 KW. É recomendado olhar os valores numéricos. No desbalanço o eletrodo com impedância mais alta apresentará maior dificuldade ao fluxo de elétrons em relação à referência. E, neste caso o sinal viria da referência, contaminando o registro. Isso pode ser melhor exemplificado: uma referência colocada em Fpz poderá captar movimentos óculo-palpebrais e esse artefato poderá aparecer no lugar do O2, se este estiver com impedância mais alta; o médico correrá o risco de interpretar esse artefato como “ondas lentas na região occipital direita”!

Gravar as medidas de impedância para documentar que iniciou o registro da forma adequada.

É opinião nossa que, nos equipamentos de EEG, o registro não deveria ser iniciado sem a medição das impedâncias – um passo obrigatório.